15 de mai. de 2011

DORES E INDISPOSIÇÕES GINECOLÓGICAS

·        Problemas lá embaixo?
·         Apesar dos incríveis avanços da medicina, muitas mulheres ainda sofrem com dores e indisposições ginecológicas não resolvidas (ou pior: mal diagnosticadas). Aprenda a ajudar seu ginecologista a detectar e a lidar com os males que podem afetar sua saúde.
·          Julia Moióli



Alguns mistérios, como o Triângulo das Bermudas e os ingredientes dos refrigerantes, são divertidos de tentar solucionar. Mas adivinhar por que você está deitada na cama em posição fetal com uma cólica infernal ou por que você precisa trocar seu absorvente de hora em hora não tem a menor graça. Infelizmente, milhões de mulheres (e muitos médicos) ainda são surpreendidos por alguns problemas pélvicos que podem, além de ocasionar dor, ser responsáveis também pela infertilidade.


DE 5 a 10% DAS MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA TÊM A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

"A história da paciente com síndrome dos ovários policísticos [SOP] é muito característica: ciclos menstruais irregulares, aumento de pelos no rosto e no corpo, acne e ganho de peso", diz a ginecologista Angela Maggio da Fonseca, da Faculdade de Medicina da USP. O diagnóstico parece simples, não? E é! Mas, como cada um desses sintomas pode sinalizar diversos problemas, especialmente durante a adolescência, quando a síndrome dos ovários policísticos — a doença hormonal mais comum em mulheres jovens — costuma dar as caras, muitas não ficam sabendo o que têm nas primeiras consultas. E isso é preocupante porque a SOP — especialmente se não for tratada — aumenta o risco de infertilidade, diabetes tipo dois, síndrome metabólica, doenças cardíacas e câncer de endométrio.

Apesar de a causa principal ser desconhecida, ela acontece quando os ovários produzem uma quantidade alta (e fora do comum) de hormônios masculinos, como a testosterona, que interferem na ovulação e, em muitos casos, na sensibilidade do corpo à insulina. Os cistos se armazenam no ovário quando o folículo ovariano não chega ao ponto de expelir o óvulo. Como a SOP não tem cura, os médicos tratam seus sintomas. Os contraceptivos orais são os principais aliados da mulher. Eles ajudam a suprimir os hormônios masculinos e a normalizar os ciclos. "Muitas mulheres tomam o anticoncepcional por um bom tempo e, depois de estabilizar a síndrome, param. Se houver necessidade, recomeça-se novamente", diz Angela.

Controlar o peso com dieta e exercícios também é fundamental. "As pacientes observam que uma dieta moderada em carboidratos e rica em proteínas magras ajuda a controlar a fome", diz a nutricionista americana Hillary Wright, autora do livro The PCOS Diet Plan (inédito no Brasil). Além disso, perder entre 5 e 10% do peso contribui para normalizar o ciclo menstrual e baixar os níveis de testosterona. Um bom estímulo para manter todos esses fatores em ordem: além de poder controlar a síndrome, é possível pensar em engravidar normalmente.

10% DAS MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA SOFREM COM A ENDOMETRIOSE

Não é raro ouvir histórias de mulheres que passaram anos penando com cólicas desde que menstruaram a primeira vez até ouvirem a palavra final do médico: endometriose. "Muitas mulheres suportam a cólica orque acham que é comum,  mas saiba que isso não é normal. A mulher não nasceu para ter cólica", alerta o ginecologista Eduardo Schor, responsável pelo Setor de Dor Pélvica e Endometriose da Unifesp  e secretário geral da Sociedade Brasileira de Endometriose.

Quando uma mulher tem a doença, o endométrio, tecido que reveste o útero e descama todo mês durante a menstruação, pode voltar pelas trompas e cair na pelve, em vez de se manter no lugar correto. Assim, no período menstrual, essas "células perdidas" também sangram, formando lesões e cistos na cavidade pélvica, no intestino e nos ovários, levando a ciclos superdoloridos. Mas essa não é a única possibilidade. "O fato de, em casos raros, o endométrio aparecer em outros lugares além da cavidade abdominal, como no pulmão e no cérebro, indica que pode haver outras explicações", diz a ginecologista Rosa Neme, diretora do Centro de Endometriose, em São Paulo. Por exemplo: o organismo ter mecanismos de defesa alterados, a existência de uma célula que se transforme em endométrio e também uma correlação genética. Atenção se uma mulher da sua família foi diagnosticada: um parente de primeiro grau aumenta sete vezes suas chances de ter o problema.

Outros sintomas da doença são dor profunda após a penetração, inchaço, constipação, diarreia, cansaço constante e sensação de queimação na hora de urinar. Mas vale lembrar que algumas mulheres não têm sintomas. E mesmo essas estão sujeitas à pior consequência, que é a infertilidade — segundo o American College of Obstetricians and Gynecologists, até 38% das mulheres inférteis podem culpar a endometriose. O ideal é diagnosticar o problema o mais cedo possível. Porém, a endometriose não é descoberta em exames de rotina — só aparece em ressonâncias e ultrassonografias em estágio avançado.

Por isso, você não pode deixar de contar ao seu médico tudo o que sente, por mais bobo que possa parecer. "Quando o profissional tem uma grande suspeita, a melhor medida é bloquear o ciclo menstrual", acredita Marco Aurélio Pinho de Oliveira, chefe do serviço de ginecologia e do ambulatório de endometriose do hospital universitário da UERJ. Assim, as células do endométrio espalhadas pela pélvis também param de sangrar. Em casos avançados, a solução é a laparoscopia, cirurgia que retira as lesões. Mas um estudo recente das universidades federais de São Paulo e do Maranhão mostrou que um fitoterápico à base de uma planta conhecida como unha-de-gato conseguiu reduzir em 60% as lesões causadas pela doenças em ratas. Resultado já relatado informalmente por um número grande de mulheres.

20% DAS MULHERES ENTRE 20 E 30 ANOS TÊM FIBROMA UTERINO

O principal sintoma do fibroma uterino (ou mioma, como também é conhecido), o forte inchaço durante o ciclo menstrual, pode dar a você uma barriguinha de grávida sem que você esteja. "Também ocorrem o crescimento uterino com cólicas intensas e o aumento de sangramento durante o ciclo menstrual, levando até a casos de anemia", afirma o ginecologista Nicolau D’Amico, do Hospital Samaritano de São Paulo. Além disso, pode haver pressão constante na bexiga e no reto. Mas, novamente, o curioso é que em algumas mulheres não há sintoma algum.

"Trata-se de uma doença benigna, que acomete o útero e se manifesta pela presença de nódulos musculares. Eles podem se localizar externamente ao útero, dentro da parede ou dentro da cavidade uterina", explica D’Amico. Os médicos não têm certeza sobre o que faz esses nódulos de tamanhos tão variados quanto o de uma uva ou de um melão crescer. Novas pesquisas sugerem que a exposição aos ftalatos, compostos químicos encontrados em plásticos e produtos de cuidados pessoais (maquiagens, xampus, loções etc.) pode ter participação. Como os fibromas se alimentam de estrógeno, eles podem se tornar um incômodo durante a gravidez, quando os níveis de hormônios femininos estão altos. Eles também dividem o espaço com o feto, aumentando o risco de aborto ou nascimento prematuro.

Enquanto os miomas são relativamente simples de diagnosticar — normalmente por meio de um ultrassom ou de uma ressonância magnética —, decidir sobre o tratamento não é tão fácil. Pílulas anticoncepcionais, hormonioterapia, DIU medicado, anti-inflamatórios e análogos de GnRH podem encolher os nódulos, mas a solução definitiva é cirúrgica — não necessariamente a retirada do útero, um passo drástico para mulheres jovens. Já há tratamentos mais atuais e menos severos, como a retirada apenas do mioma (inclusive por laser) ou procedimentos que ajudam a eliminá-los, como a embolização uterina, que corta o fornecimento de sangue para o fibroma. Em fase inicial, também existem dois tratamentos não invasivos: ablação por radiofrequência, que usa a energia do calor para destruir qualquer crescimento sem razão, e ultrassom focalizado guiado por ressonância magnética, que explode os fibromas em pequenos fragmentos. Sim, sempre há luz no fim do túnel. Nossa saúde agradece!
1 - FIBROMA UTERINO

Mais conhecido como mioma, são nódulos musculares benignos que ocorrem na cavidade do útero, em sua porção externa ou em sua parede e causam crescimento uterino, aumento do sangramento durante o ciclo e, eventualmente, cólicas menstruais.

2 - OVÁRIO POLICÍSTICO

Na síndrome dos ovários policísticos, um desequilíbrio hormonal interfere na ovulação, aumenta as concentrações de produção de hormônio masculino (testosterona) e leva à formação de pequenos cistos na superfície dos ovários.

3 - ENDOMETRIOSE

É a presença do endométrio (tecido localizado habitualmente dentro do útero) em um local atípico. Pode ser nos ovários, no peritônio (tecido que envolve os órgãos abdominais, bexiga ou intestino). Como durante o período menstrual essas células de endométrio inflamam, elas causam dor na menstruação, eventualmente infertilidade e dores específicas na bexiga ou intestino quando acometem esses órgãos

CONHEÇA OUTROS PROBLEMAS GINECOLÓGICOS QUE PODEM TRAZER DOR E DESCONFORTO
Doença inflamatória pélvica

Uma infecção bacteriana que acontece no útero, nas trompas e em outros órgãos reprodutivos. "Ela é originada, na maioria dos casos, por bactérias que ascendem pela vagina, portanto é considerada sexualmente transmissível", alerta o ginecologista Nicolau D’Amico. Causa infertilidade em uma a cada cinco mulheres com o problema.
Sintomas: dor pélvica ou abdominal crônica, náusea, febre alta, vômitos e secreção vaginal malcheirosa.
Tratamentos: antibióticos para atacar as bactérias e analgésicos para a dor, que impede muitas mulheres de realizar até mesmo suas atividades rotineiras.

Vulvodinea

Também chamada de síndrome vestibular. O principal sintoma é dor crônica genital, que pode estar relacionada a traumatismos locais, medicamentos ou produtos de uso crônico, cirurgias anteriores, infecções urogenitais, processos depressivos, dificuldade na relação que leva a espasmos musculares, diabetes e climatério, conforme enumera D’Amico.
Sintomas: desde uma coceira local, com irritação ou ardor, até um processo doloroso constante.
Tratamentos: depende da causa diagnosticada. Em geral, envolve anti-inflamatórios, anestésicos locais e até fisioterapia pélvica.
fonte de pesquisa: www.womenshealth.com.br

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