15 de jan. de 2012


INFÂNCIA PERDIDA
A animação TOY STORY 3 resgata os sentimentos puros da criança, mas também nos remete à sensação do abandono do gozo infantil rumo à vida adulta

por Eduardo J. S. Honorato e Denise Deschamps



De maneira cada dia mais evidente, trazemos a sensação da lembrança da entrada do cinema em nossas vidas, da filmografia que cada vez mais cedo chega à possibilidade de representação de cada ser. A indústria cinematográfica investe pesado nas produções voltadas para o público infantil, seduzindo a nova geração com menos idade para essa forma de expres­são tão elaborada.

Cada um de nós pode se lembrar com emoção de uma das primeiras vezes em que foi levado para assistir a um filme na telona. Foi sempre de alguma forma impactante, quase tanto como os poetas descrevem a primeira vez que se avista o mar.

Tivemos agora na entrega do Oscar 2011 um repre­sentante deste setor que foi um forte concorrente, e para muitos críticos de cinema, seria o favorito: a animação Toy Story 3, que trouxe um debate em torno da vivência da di­versidade, do crescimento, do desamparo e do desapego. Temas tão atuais em nossa discussão de civilização. Lidar com o excluído deste lugar, o que marca a diferença, ou tentar assimilá-lo, na tendência pós-moderna, pasteurizan­do seu conceito no sentido do aniquilamento. Para pensar esses temas e aprofundá-los, indicamos a leitura do livro de Joel Birman, Mal-Estar na Atualidade.

Como toda a produção humana, o cinema traz também os dois movimentos básicos da cultura, ou seja, o do progres­so e o do retrocesso, dos polos de avanço e dos polos conser­vadores. Mas nos vemos diante de perguntas que envolvem toda a capacidade de captura que está sempre inserida no modelo da cultura hegemônica. Estas não podem deixar de assaltar nossas mentes. Desta forma, indo a outro extremo de pensamento, levanta-se uma reflexão a respeito disso, com foco nas notícias que hoje recebemos dos conflitos em curso no Oriente Médio. A potência de conduzir ideologias é mar­cante no curso do noticiário. Seria menos intensa ao formular animações voltadas ao sujeito em formação, a ser moldado dentro de toda demanda dos modos nos quais opera essa cultura? Então, como di­riam nossos avós, seria bom “manter um olho no padre e outro na missa”, ou ainda diriam os poetas da liberdade “é preciso estar atento e forte”.

Nem toda angústia deve apenas ser banida ou domesticada, e muitas delas são o caminho pelo qual esse sujeito lidará com seus impedimentos e aprisionamentos



Woddy e Buzz Lightyear, são os bonecos de Andy. Juntos eles buscam sempre a união do grupo de brinquedos e resolverem os impasses da turma

Temos a noção de que filhos encaminhados (leia-se adaptados às exigên­cias da civilização) serão sujeitos mais bem-sucedidos e felizes. Essa crença é respaldada a todo o momento, mesmo que os sujeitos adultos que a formulem sintam-se totalmente incapazes de expe­rimentar a tal da felicidade, substituída nos atuais dias por aquilo que muitos teóricos chamam de “mais gozar”. Aproximamos, com a melhor das intenções, esse sujeito em plena vivência do seu de­samparo fundamental, a uma ilusão aos moldes do livro Admirável Mundo Novo (leia sobre este best seller na coluna Divã Literário). Tudo o que transborda, esca­pa, formula um discurso fora do tom, é amainado, capturado em nome do bem-estar. O estar de quem ou do que mes­mo? A ordem da qual o boneco espacial Buzz, alterado em seus impulsos, acabará no filme como guardião.

Ganhou o Oscar um filme que fala sobremaneira na capacidade de superação. Como muitos críticos pontuaram, o vencedor usou a velha e conhecida fórmula cinematográfica, mas nem por isso menos brilhante ou tocante. O longa O Discurso do Rei fala da capacidade de superação, ou ainda, em outro pensar, no quanto na verdade somos todos iguais, sujeitos em nossas fragilidades e desamparos, fazendo do caminho da vida a estrada do encarar isso, da capacidade de assinarmos com alguma singularidade nosso fio histórico. Em certa medida esse filme chega a ser mais pueril que Toy Story 3. Brincando como criança, ele acaba por convidar a permanência na singularidade, e assim, forma cada um em uma coletiva dança. Essa coletividade que remete ao ser social do qual Freud já nos chamava a atenção no instigante texto Psicologia das Massas (grupos) e Análise do Ego, o ser que Birman destaca sobre sua premente necessidade na atualidade quanto ao aspecto: “Esta tensão entre o eu ideal e o ideal do eu funda o sujeito, delineando então, de maneira estrutural, o horizonte possível de seus movimentos”. Para quem não tem intimidade com os conceitos da Psicanálise, a afirmação de Joel Birman refere-se à possibilidade de construção de ideais coletivos (ideal do eu) como a saída para a vivência narcísica (eu ideal) que marca o sujeito contemporâneo.

voltemos então um pouco para a nossa formulação inicial e pensemos que, mesmo diante desta possibilidade, ao pensar em algo que marca a vivência desses ideais, devemos tomar cuidado para não acabarmos capturados no discurso de permanente gozo e felicidade, algo que remeterá à busca insana que nos atravessa e varre para longe concei­tos fundamentais em Psicanálise, como “frustração”, “adiamento da gratifica­ção” e a noção de “sintoma” como a de uma “formação de compromisso”.

Toy Story 3 nos lembra de alguma maneira que nem toda angústia deve apenas ser banida ou domesticada, e que muitas delas são o caminho pelo qual esse sujeito lidará com seus impedimentos e aprisionamentos. A marca do narcisismo pode ser exatamente a grande chave que fecha a cela ou a possibilidade do lado de fora. Ao fazer isso de maneira bastante lúdica, essa animação remete ao sujeito adulto o encontro de seus fundamentos, uma viagem à sua “infância perdida” ou às suas ilusões perdidas. A marca do real, inscrita pelo coletivo, lan­ça esse sujeito à possibilidade de inscrever-se no longo fio ontológico.

Ainda pegando carona em Birman, diríamos: “O social tem de seduzir o sujeito para que este possa ser despertado de seu sono sem imagens, de forma a ser empurrado para o carrossel do sonho e do devaneio. Se isso não se apresenta ao sujeito, este não pode então pender para o pólo autoritário, ficando, pois, restrito e mortificado no pólo narcísico de seu ser”.

TUDO O QUE TRANSBORDA, ESCAPA, FORMULA UM DISCURSO FORA DO TOM, É AMAINADO, CAPTURADO EM NOME DO BEM-ESTAR. O ESTAR DE QUEM OU DO QUE MESMO? A ORDEM DA QUAL O BONECO ESPACIAL BUZZ, ALTERADO EM SEUS IMPULSOS, ACABARÁ NO FILME COMO GUARDIÃO

Ficará, então, apenas lambendo seus brinquedos, como a fase inicial da creche em que nossos personagens se veem confinados. Ou fechado em sua mágoa, como o personagem do grande urso, aprisionado na necessidade de controle e comando.

O personagem Woody, em sua cons­tante marca de inscrição na realidade, desde o primeiro filme da trilogia, chama ao grupo para esta questão. Não pela união que apaga a diferença, mas sim pela potência que cria o encontro de forças e inscrições complementares (muitas vezes antagônicas). De alguma maneira, crescemos e saímos da fábula maniqueísta para a dialética que marca a construção freudiana. Buzz, o ingênuo sujeito apegado a uma concepção congelada do seu ser, faz o fiel da balança ao lembrar que nem só de real vive o homem. Seus sonhos devem partir de uma noção construída de identidade que caminha em di­reção à possibilidade de simbolizar, sob o risco de perecer, caso permaneça apenas atado ao seu narcisismo.

Neste novo filme, o terceiro da série, a questão daquilo que identifica o sujeito diante do seu mundo vem de forma marcante. Woody e seus amigos trazem a questão como sua identificação: o fato de ser o “brinquedo de Andy” não abre espaço para aceitar outro lugar como sendo o que os identifica. Para Woody, isso é definitivo e fica bem colocado quando, ao ver seu novo lar (a creche), que à primeira vista parece o paraíso, se nega a envolver-se. Começa então a aventura de nossos heróis. Cada um im­prime sua identidade nas escolhas que faz a partir do evento. Subjetividade em questão. O lugar do herói seria apenas no imaginário?

 Ironicamente, o filme ganha como melhor animação, mas o lugar de melhor filme fica para o mundo adulto, no resgate das inseguranças que estão inscritas na “posterioridade” em o Discurso do Rei agora proferido.

Talvez possamos pensar, a partir de Toy Story 3, na representação do que acompanha a saída definitiva da infância, simbolizando a maturidade em sua juventude, apresentando-se como uma aquisição e, ao mesmo tempo, como profundo sentido de perda, como é tudo aquilo que marca essa fase. O deslumbramento e a atração pelas novas aventuras, o medo que pode beirar muitas vezes uma fobia paralisante, a entrada da sexualidade adulta como podemos ver na descoberta do boneco Ken ao encontrar sua parceira, Barbie. Há muito de desencanto na saída da infância! É a certeza do desamparo que prepara o sujeito para a grande jornada das realizações da maturidade, marcando com intensidade suas relações com seus novos (velhos) objetos, como um túnel do tempo sem marcas definidas. Porque nenhum sujeito pode crescer sem carregar com ele alguma fração da potência criativa da criança que foi. Trará isso e colocará em suas marcas no mundo. Senão, ao contrário disso, tudo o que lhe restaria seria a inscrição sem desejo, longe da autonomia que marca o ser desejante.

O DESLUMBRAMENTO E A ATRAÇÃO PELAS NOVAS AVENTURAS, O MEDO QUE PODE BEIRAR MUITAS VEZES UMA FOBIA PARALISANTE, A ENTRADA DA SEXUALIDADE ADULTA COMO PODEMOS VER NA DESCOBERTA DO BONECO KEN AO ENCONTRAR SUA PARCEIRA, BARBIE


O filme tira lágrimas até dos corações mais valentes, porque leva a um sentimento de nostalgia da infância perdida. Para as crianças, de alguma maneira irá fazê-las sentir a importância do mundo que estão construindo, até que possam um dia, assim como Andy, dirigir um carro partindo em sua autonomia para a grande aventura que é viver, e que possam então ir com seus brinquedos cuidados, e sem a amargura do grande urso Lotso.

O que seriam dos nossos amigos se não tivessem vivido toda a aventura que acompanhamos? Teriam chegado até sua nova vida? Como seriam eles se permanecessem guardados no sótão? Para que os movimentos da vida aconteçam, é preciso ter certa saudade da infância.


“Dislexia: Como Suspeitar e Identificar Precocemente o Transtorno na Escola”
Dislexia
Releitura de profissionais de Neurociências, com enfoque PEDAGÓGICO e FONOAUDIOLÓGICO pelas fonoaudiólogas e especialistas em psicopedagogia Lana Bianchi ¹ e Vera Mietto ²
A identificação precoce de um possível ou suposto quadro de dislexia no ambiente escolar, sensibiliza os profissionais da educação ao exercício de um novo olhar: “olhar” mais cuidadoso, criterioso, investigativo e com mais participação na vida escolar dessa criança.
O diagnóstico que envolve a exclusão de outras condições e dificuldade por parte da criança, deve voltar-se para uma serie de sinais e sintomas muito peculiares, que podem sugerir a suspeita e levar a busca de profissionais especializados para tal diagnóstico.
Neste contexto, é difícil estabelecer critérios precoces para esta identificação, pois acompanhar o desempenho evolutivo de uma criança é um dos marcadores para inferir inadequações neste desenvolvimento. Sabemos que podem surgir atrasos no desenvolvimento motor e linguístico, inadequações nas fases desse desenvolvimento e superação delas em ambiente familiar estimulador ou não, além de outros fatores que possam implicar direta ou indiretamente no desempenho formal do aprendizado de leitura e escrita.
Estabelecer estratégias e metas novas e eficazes para que crianças desenvolvam o mais correto possível suas habilidades sensoriais e motoras para atingir o contexto formal escolar, sem grandes atribulações é fundamental já que, qualquer aprendizado pedagógico passa pela aprendizagem informal, aprendizado esse que depende do ambiente, da família, da sociedade e das particularidades individuais de cada ser.
Aprender é algo único, e neste aspecto devemos valorizar as pequenas e altas habilidades, pois deste modo, precocemente perceberemos aqueles com mais habilidades para raciocínio, cálculo, e aqueles com habilidades mais linguísticas e assim, facilitamos sua integração no contexto pedagógico formal.
Habilidade para Desenvolver a Escrita e Leitura
Os processos cognitivos que resultam em aquisição do processo de leitura e escrita formam uma base, como apresentaremos:
(1) Conhecimento de (leitura) e (nome) dessas letras:
É importante que esse conhecimento não venha de uma sequência automática de memória do abecedário e sim de conhecimento e reconhecimento de grafemas e o nome que esses grafemas possuem.
2) Consciência Fonológica:
Envolve a habilidade em que a criança aprende a ouvir com o Ouvido Neurológico, associando sons e letras e com essas transposições entre os sinais auditivos corresponder-se a símbolos gráficos, oriundos das unidades articulatórios da fala.
(3) Aptidões da Fala e Linguagem:
Direciona a criança para dentro de um processo de aprendizagem formal, e através dele podemos entender que, quando uma criança está na escola, ela já adquiriu a fala (oralidade), já possui uma estrutura linguistica oral, e a partir deste processo adquirido irá construir um novo processo: a escrita, e em conseqüência, a leitura.
Quando esta criança não tem uma boa estrutura de linguagem oral que comporte uma estrutura textual, dificilmente conseguirá fazê-lo dentro de uma estrutura na escrita. Quando apresenta uma oralidade contaminada por substituições e omissões, essas trocas aparecerão no processo de aquisição da escrita, é necessário verificar suas estruturas anteriores (pré-requisitos) para que a possibilidade de transpor para leitura e escrita esteja adequada.
(4) Atenção Sustentada:
Nascemos com uma atenção automática que é uma resposta aos estímulos e estes provocam essa atenção para uma resposta a estímulos fortes, com grande intensidade, e estes fazem seus registros de automatismo. É essa atenção que persiste na criança durante o aprendizado informal.
Para integrarmos ao aprendizado formal (pedagógico) precisamos da extensão desta atenção voluntária, escolher o que queremos focar, saber relacionar com a situação e contexto escolar. Mais do que isso, se faz necessário uma sustentação para este foco, que é uma habilidade que depende da maturação do lobo frontal, de uma maturação neurológica, que depende de muito treino, adaptação, adequação, e intensa participação da criança.
Esta atenção sustentada é que mantém as zonas de associação com a atenção auditiva para o aprendizado, possibilitando a retenção, ou seja, a consolidação do conhecimento. Deste modo podemos compreender a necessidade e importância do treino dessa habilidade (talvez a que mais necessite de treino) na primeira infância (no ensino infantil pré-requisitos ligados a fase sensório-motor).
(5) Memória Operacional
Esta memória é que nos conduz a memória de trabalho, ou seja, é necessário muito treino com a memória operacional no período da aprendizagem informal para que através das habilidades exercitadas da criança, ela possa seguir para aprendizagem estrutural e assimilar o significado e significante dos símbolos sonoros. Essa correspondência se transformará em imagens mentais abstratas e concretas, em nomeação, relações de fatos com sons para que efetive as relações de oralidade e imagens (codificar e decodificar), estabelecendo significado ao que se aprende.
Neste processo complexo, a maturação neurológica, as zonas de aprendizado e as relações nas áreas frontotemporais são essenciais: a memória auditiva de curto prazo relacionando-se com muitas associações para que a memória de longo prazo efetive o conhecimento e dê seguimento ás próximas etapas linguisticas.
Das Dificuldades:
Como entender: os DIS? Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Discalculia... Para cada hipótese, temos um entendimento neurológico e evolutivo de cada expressão e seu respectivo significado:
1) Dislexia:
É a incapacidade de processar o conceito de codificar e decodificar a unidade sonora em unidades gráficas, (forma de grafemas) com capacidade cognitiva preservada (nível de inteligência normal). Os disléxicos têm capacidade para aprender todas as funções sociais e até altas habilidades, desde que, bem diagnosticado, seja trabalhado em suas áreas corticais favoráveis e com estratégias e intervenções adequadas. Essa intervenções devem valorizar suas funções viso-motoras, imagens com significado e significante associados a ritmo e memória visual auxiliando sua memória auditiva, para que desenvolva a capacidade por outras rotas (sabido que sua rota fonológica é prejudicada).
2) Disortografia:
Definimos como disortografia, os erros na transformação do som no símbolo gráfico que lhe corresponde. Nem sempre a disortografia faz parte da dislexia e pode surgir nos transtornos ligados á má alfabetização, na dificuldade de atenção sustentada aos sons, na memória auditiva de curto prazo (Déficit de Atenção) e também nas dificuldades visuais que podem interferir na escrita. Quando não estão co-morbidas à Dislexia, o prognóstico é melhor.
3) Disgrafia:
Não se pode confundi-la ou compará-la com disortografia, pois a disgrafia tem características próprias. A criança com disgrafia apresenta uma escrita ilegível decorrente de dificuldades no ato motor de escrever, alterações na coordenação motora fina, ritmo, e velocidade do movimento, sugerindo um transtorno praxico motor (psicomotricidade fina e visual alteradas).
4) Discalculia:
A Discalculia do desenvolvimento é uma dificuldade em aprender matemática, com falhas para adquirir adequada proficiência neste domínio cognitivo, a despeito de inteligência normal, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação. Não é causada por nenhuma deficiência mental, déficits auditivos e nem pela má escolarização. As crianças que apresentam esse tipo de dificuldade realmente não conseguem entender o que está sendo pedido nos problemas propostos pela professora. Não conseguem descobrir a operação pedida no problema: somar, diminuir, multiplicar ou dividir. Além disso, é muito difícil para elas entenderem as relações de quantidade, ordem, espaço, distância e tamanho. Aproximadamente de 3 a 6% das crianças em idade escolar tem discalculia do desenvolvimento (dados da Academia Americana de Psiquiatria). De um modo geral, o prognóstico das crianças com discalculia é melhor do que as crianças com dislexia, ou pelo menos, elas tem sucesso em outras atividades que não dependam desta área de calculo numérico.
Conclusão:
Todo trabalho escolar, da vida acadêmica de uma criança deve ser investigado precocemente, desde seus primeiros momentos em berçários, creches, escolas infantis, pois a detecção de falhas ou inabilidade no seu D.N.P.M. (desenvolvimento neuropsicomotor) será precioso para atendê-la melhor, até seu inicio ao ensino formal, respeitando seu ritmo, mas oferecendo-lhe oportunidade de uma boa intervenção, caso descubra-se precocemente esta falha ou incapacidade.
O pré-diagnóstico no âmbito escolar é excelente para o aluno, para a escola, para os pais e a sociedade, onde não se atropela o desenvolvimento e nem permite más condutas com gastos desnecessários no futuro.
Todos devem participar desse novo olhar: professores, direção de escola, pais, psicopedagogos, e outros profissionais envolvidos direta ou indiretamente na alfabetização.
¹ Lana Cristina de Paula Bianchi - Fonoaudióloga, Pedagoga, Psicopedagoga, Atuaçao em Neurociencias em Crianças e Adultos na FAMERP- FUNFARME- Sao Jose Rio Preto- SP- Especialista em linguagem no Projeto Gato de Botas- Disturbios de Aprendizagem; www.projetogatodebotas.org.br; CRFa: 2907- 1982- PUCC- Campinas-SP- Profa na Disciplina de Psicologia-UNILAGO- São Jose Rio Preto-SP- Linguagem e Cogniçao- 2010- Orientadora em monografias no curso de pos-graduaçao de Psicopedagogia- Famerp- 2010- Campo de pesquisa: Linguagem infantil e adulto-
² Vera Lucia de Siqueira Mietto, Fonoaudióloga, Psicopedagoga, Neuropedagoga e Tutora EAD do www.chafic.com.br e www.ceitec.com.br em Neurociencias, Dislexia e TDAH e docente da UNICEAD na pós graduação de Monte Claros-MG.
Referências bibliográficas:
“Leitura, Escrita e Dislexia” – Uma análise cognitiva – Andrew W. Ellis – 2ª edição – Editora Artmed
“Entendendo a Dislexia” – Um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura – Salley Shaywitz – Reimpressão 2006 – Editora Artmed
“Dificuldades de Aprendizagem” – detecção e estratégias de ajuda – Ana Maria Salgado Gomez, Nora Espinosa Tenan - Edição Mmix
“Transtornos de aprendizagem – Abordagem neurológica e multidisciplinar” - Newra Rotta, Lígia Ohhweiler, Rudimar dos Santos Riesgo - Ed Artimed, 2006
“Dislexias” - Arrne Van Hout, Françoise Estiene - Ed Arttimed, Porto Alegre, 2001
“Neurociência Aplicada à Aprendizagem” - Telma Pântano, Jaime Zorzi - Ed Pulso, São José dos Campos. 2009
Sites:
www.lerecompreender.com.br/palestras.asp - (Dislexia: "Como Suspeitar e Identificar Precocemente o Transtorno na Escola", 2010)
http://cursoschafic.com/neurociencias.html
http://cursoschafic.com/dislexia.html
www.pedagogia.com.br/artigos/neurocienciaaeducacao


“Dislexia: Como Suspeitar e Identificar Precocemente o Transtorno na Escola”
Lana Cristina de Paula Bianchi e Vera Lucia de Siqueira Mietto

Artigo disponível em: http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=57

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5 de set. de 2011

Aspectos da Psicanálise nos contos de fadas

Aspectos da Psicanálise nos contos de fadas

Karina Paolucci
Pedagoga com especialização em Educação Infantil pela Universidade Pontifícia Católica – PUC e Pós-Graduanda em Psicopedagogia

 
          


A literatura infantil e os contos de fada são relevantes para a identificação do que é bom ou mau, feio ou bonito, fraco ou forte na mente das crianças. 

A opinião de Bettelheim "os contos de fada são o que há de melhor em literatura infantil". A criança deve ter pleno entendimento dos contos de fada, por intermédio de uma estrutura simples que apresente histórias claras e personagens bem definidos em suas características pessoais, facilitando sua identificação com o bom ou mau, feio ou bonito, etc., atingindo a mente da criança, entretendo-a e estimulando sua imaginação, como nenhum outro tipo de literatura talvez seja capaz de fazer.


Os contos de fada tratam de problemas humanos universais como a solidão e a necessidade de enfrentar a vida por si só, de maneira simbólica. Neste sentido, ajudam a criança no mais difícil em sua criação: dar um sentido à vida.
Assim, contribuem para:

• a formação da personalidade, por referir-se a problemas interiores;
• sugerir soluções simples que promovam o desenvolvimento de recursos internos para que a criança possa enfrentar as dificuldades da vida envolvidas em seu crescimento.
Mas que significado tem cada conto de fada? Bettelheim faz um estudo bastante interessante sobre diversos contos:

"Adverte que cada criança absorverá um significado próprio, dependendo do momento pelo qual passa e de suas necessidades internas, sendo que um mesmo conto poderá ter significados diferentes para a mesma criança, considerando-se as diversas fases de sua vida".

Desta forma, não dá para saber qual agradará mais uma criança pelo seu significado. Ela é quem sabe o que quer ouvir.

Continuando com Bettelheim:

"Diante da leitura de um conto que os próprios pais escolheram, será fácil identificar se foi do agrado do pequeno ouvinte ou não, pela sua reação ou insistência para que lhe contem outra vez. Como o significado atinge a mente em um nível pré-consciente, mesmo sendo claro para quem o lê, não deverá ser interpretado para a criança, para que não perca seu encanto e o sabor de descobrir os caminhos para enfrentar a vida sozinha. Só ela saberá quando revelar algo que esteja fora de sua consciência".

Há quem questione os contos de fada por se referirem ao fantástico e não à realidade. Esse aspecto constitui uma vantagem, pois, segundo Bettelheim:
"facilita a compreensão das crianças por se aproximarem mais da maneira como vêem o mundo, já que ainda são incapazes de compreender respostas realistas". Não se pode esquecer que as crianças dão vida a tudo. Para elas o sol é vivo, a lua é viva, assim como todas as outras coisas.


Uma outra questão diz respeito à forma que os contos de fada influenciam profundamente no desenvolvimento das crianças, pois, no momento que passam a ter contato com esse tipo de leitura, iniciam um processo de construção do "eu". Os contos despertam a imaginação e a fantasia, possibilitando que elas façam o processo de individualização e de autovalorização. Desta forma, vão tornando conscientes, através da fantasia, as situações inconscientes.

Por isso, Bettelheim faz referência da relação que a criança estabelece entre seu crescimento e o desenvolvimento da natureza. Para ela parece natural que as plantas cresçam e a terra as alimente como fez sua mãe com o peito. Vê a terra como uma mãe ou uma deusa feminina. Neste sentido os contos de fada contribuem fazendo a ligação entre a fantasia da criança e a elaboração dos conceitos necessários para seu desenvolvimento sadio.

Bettelheim questiona e afirma que os livros ilustrados são ineficazes porque distraem e dispersam as crianças, impedem-nas de fazer o processo de elaboração da fantasia a partir da história. O ato de ler ou escutar, sem ver a ilustração, possibilita e exige da criança e dos adultos um esforço voltado ao ato de fantasiar e descrever a partir de sua imaginação:

"Os contos de fadas são importantes na medida em que permitem com que a criança, através da associação livre, faça um processo de entendimento e superação dos conflitos internos. Isso só é possível quando todos os pensamentos mágicos da criança estão personificados num bom conto de fadas, seus desejos destrutivos, numa bruxa malvada: seus medos, num lobo voraz; as exigências de sua consciência, num homem sábio encontrado numa aventura; suas raivas ciumentas, em algum animal que bica os olhos de seus arqui-rivais, desta forma, a criança começa a ordenar essas tendências contraditórias e alivia seus temores e suas angústias".
A integração do ser humano com a natureza aparece em quase todos os contos. O ser humano só consegue superar e resolver seus problemas relacionados à desintegração interna, no momento que busca na natureza, representada nos contos pelos animais que falam, pelas plantas que ouvem e emitem opinião, pela água que acolhe e dá segurança, e por tantos outros elementos que interagem com o ser humano na busca da superação dos conflitos internos.


Esta característica dos contos de fada consiste na função principal do conto, que é integrar o ser humano e mostrar caminhos frente às dificuldades. A liberdade é uma busca de superação da dependência, a segurança é a superação do medo, a esperança é a resposta frente à necessidade da independência. Assim percebemos que os contos de fada sempre finalizam com estes pressupostos otimistas e animadores, mostrando que é possível realizar as fantasias e superar a ansiedade.

Para provar isto, Bettelheim cita os contos dos irmãos Grimm, que mostram esta perspectiva de superar as dificuldades, pois na floresta escura o herói do conto de fadas freqüentemente encontra a concretização de nossos desejos e ansiedades; por outro lado, gostaríamos de ter o poder da bruxa, da fada ou da feiticeira, e usá-lo. E temos medo que os outros tenham tais poderes e os usem contra nós.

Dessa forma, deve-se compreender que as falsas esperanças freqüentemente nos atraem, quando se faz de conta que tudo que se busca é uma existência independente.

Segundo o autor, os contos de fada foram banidos, por alguns pais e educadores, do processo pedagógico e formativo, devido à interpretação equivocada do comportamento infantil. Essa interpretação, feita pelos adultos, não respeita o entendimento infantil e sim responde às dúvidas dos adultos e os protegem diante da ambivalência da personalidade infantil.

Os pais, por falta de informação, passaram a ter medo que as crianças não consigam fazer a distinção entre o real e o imaginário fantasioso. No entanto, o autor mostra e afirma que, quando sadias, elas conseguem fazer a passagem da fantasia para a realidade e encontram nos contos de fada substrato suficiente para elaborar essa transposição. A dificuldade dos adultos se encontra no entendimento sobre a verdade, pois a criança, que está desprovida de resistências, é verdadeira e direta, e por isso não omite, nem camufla a verdade. Elabora seus conceitos de verdade a partir da fantasia infantil e progressivamente vai fazendo o processo de passagem da fantasia para a verdade e, antes que a criança chegue a controlar totalmente a realidade, deve ter algum esquema de referência para aliviá-lo. Esse esquema pode ser os contos de fada.


Outro aspecto que provocou certo descrédito nos contos de fada foi a descoberta da Psicanálise e da Psicologia infantil. Estas descobertas revelaram que a imaginação da criança é violenta e ansiosa, destrutiva e até mesmo sádica. Neste sentido, a criança pode tanto amar seus pais, como odiá-los, dependendo das relações afetivas e da confiabilidade estabelecidas entre eles. A criança tem sentimentos ambivalentes com relação a seus pais. Ela não aceita como correta apenas uma visão unilateral e limitada dos adultos e da vida, mas dispõe de alternativas inconscientes, capazes de superar grandes traumas.

O inconsciente é a fonte de matéria-prima e a base sobre a qual o ego constrói o edifício de nossa personalidade.

No terreno das emoções nascem as expectativas dentro de um mundo localizado necessariamente no "mundo das crianças". Dessa maneira, estão presentes a magia, o pensamento lógico, a formação do espírito infantil. O pensamento mágico diz respeito à imaginação da criança na forma de:
• mitos;
• lendas;
• figuras de animais;


vícios;
virtudes.


Portanto, tudo o que permeia a natureza da magia e que atrai de forma espontânea a imaginação da criança.

Essa natureza mágica que os contos possibilitam também está contida em outras formas de literatura que a humanidade, desde a Antigüidade, busca para tentar compreender o sentido de sua existência e de suas emoções no cotidiano de sua vida. São os mitos e as fábulas. A respeito disso, Bettelheim afirma que há diferenças entre mito, fábula e conto, sendo que:

"O mito busca fora da realidade visível, e interna e apela para o sobrenatural na tentativa de explicar o universo, o funcionamento da natureza e a origem dos valores básicos do próprio indivíduo. As fábulas são consideradas atividades da imaginação que consistem em produzir relatos fictícios sem a preocupação de explicar a realidade. Os contos dispõem de elementos ligados aos mitos e as fábulas, porém, se distinguem pelo caráter otimista e esperançoso que transparece em sua estrutura. Os mitos envolvem solicitações do superego em conflito com uma ação motivada pelo id, e com os desejos autopreservadores do ego, gerando uma sobrecarga no indivíduo frágil e incapaz de enfrentar os deuses".

No pensamento lógico, segundo Coelho , "a literatura fantasiosa foi a forma privilegiada da literatura infantil. As forças da fantasia, do sonho, da magia, da imaginação, do mistério etc.". O maravilhoso mundo da fantasia volta-se para a literatura. Assim, a literatura infantil, por meio dos contos de fada, pode ser decisiva para a formação das crianças em relação a si mesmas.

Partindo-se dessa premissa, pode-se perceber que os contos de fada não têm simplesmente a função de divertir e distrair as crianças, mas têm também a
dimensão pedagógica e psicológica de esclarecer e integrar os sentimentos, e de elaborar conscientemente os sonhos e as fantasias infantis.


Por serem otimistas e transmitirem uma mensagem de felicidade e realização, os contos de fada se aproximam da realidade das crianças, que buscam e necessitam de imagens simbólicas.

Sobre a linguagem, Vygotsky orienta que, antes de pensamento e linguagem se associarem, existe, também, na criança pequena, uma fase pré-verbal no desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem. Antes de dominar a linguagem, a criança demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar instrumentos e meios indiretos para conseguir determinados objetivos. Nessa fase de seu desenvolvimento, a criança, embora não domine a linguagem enquanto sistema simbólico, já utiliza manifestações verbais.

Quando os processos do desenvolvimento do pensamento e da linguagem se unem, surgindo, então, o pensamento verbal e a linguagem racional, o ser humano passa a ter possibilidade de um modo de funcionamento psicológico mais sofisticado, mediado pelo sistema simbólico da linguagem. A criança, na fase pré-verbal, exibe essa espécie de inteligência prática, que permite a ação no ambiente sem a mediação da linguagem.

A compreensão dos contos de fada na mente das crianças leva-as a alguns valores da conduta humana ou do convívio social. Ainda segundo Coelho,

"a Psicanálise contida através das histórias leva a criança a se identificar com o herói bom e belo, não devido a sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e de beleza, e principalmente suas necessidades de segurança e proteção".
Em síntese, os contos de fada têm por objetivo mostrar a importância de sua interpretação para o entendimento do comportamento infantil, a partir da imaginação, da fantasia, da recordação e de tantas outras dimensões que se escondem atrás da completa capacidade humana de entender e encontrar sentido para a vida.


Portanto, ler e interpretar os contos de fada a partir de uma visão psicanalítica é uma das maneiras possíveis que as pessoas encontram de construir o sentido de sua existência. Conforme Coelho, "... os contos de fada podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo a sua volta. O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, belas e feias, poderosas e fracas, etc., facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou do convívio social".

Entende-se que a literatura infantil, valendo-se do modo de contar histórias, é o caminho mais apropriado de possibilitar à criança o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Afinal, muitas vezes uma história poderá refletir no emocional momentâneo da criança: perdas e buscas; carências; medos; autodescobertas; afetividade e a principal de todas, a descoberta da dificuldade de ser criança.

A criação dos contos de fadas surgiu do trabalho de alguns escritores e pesquisadores que buscavam nos contos do povo e até mesmo na própria infância, a literatura.

Sobre isso, Bettelheim enfatiza que,

"explicar para uma criança por que o conto de fadas é tão cativante para ela, destrói, acima de tudo, o encantamento da história, que depende, em grau considerável, de a criança não saber absolutamente por que está maravilhada. E, ao lado do confisco deste poder de espantar, vai também uma perda do potencial da história em ajudar a criança a lutar por si e dominar exclusivamente por si só o problema que fez a história significativa para ela".


Referência bibliográfica:


BETTELHEIM, B.

A psicanálise dos contos de fadas. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2002.



AUTISMO




26 de novembro de 2009





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“O Capitão AVAPE contra o Fantasma Autismo”


Este manual foi elaborado pelo Grupo de Saúde Mental da AVAPE (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência), em parceria com o Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Instituto de Psicologia da USP, com o objetivo de informar e esclarecer as pessoas sobre o autismo.
O autismo, para fins diagnósticos, é encontrado no DSM IV-TR e na CID 10, dentro da classificação dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento.
O conceito mais utilizada desde 2001 é “continuum autistico”, sendo também evidenciado como transtorno do espectro autista. Contudo, clinicamente, para pais e cuidadores, a linguagem coloquial de fácil entendimento usualmente utilizada é Autismo.
Por meio de uma linguagem simples e acessível, o Manual expõe as principais características de diagnóstico do autismo, que podem ser observadas pelos pais e cuidadores desde a primeira infância. Este volume abordará o que é o Autismo e como evidenciá-lo precocemente. E no próximo episódio, confira: “O Capitão AVAPE contra o Fantasma Autismo - Parte 2: o combate”.

Boa leitura,
Grupo de Saúde Mental da AVAPE



Expediente

Presidente da AVAPE:

Sylvia Cury

Editor de Arte:
Juarez Corrêa
juarezsbc@yahoo.com.br

Redação:
Grupo de Saúde Mental AVAPE (Dr. Claudio Gomes, Dr. Marcio Falcão, Dr. Francisco Assumpção, Julianna Di Matteo, Roseli Paicheco, Simone Cucolichio, Carolina Padovani).

Comitê Editorial:
Dr. Claudio Gomes, Dr. Marcio Falcão, Dr. Francisco Assumpção, Eliana Victor, Juliana Di Matteo, Roseli Paicheco, Simone Cucolichio, Carolina Padovani, Valquíria Barbosa, Gisele Achkar, Giovana Batistella.

Diagramação:
Mariana Dahrug

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CEP 01430-000
Tel: (11) 3055-5000
E-mail: avape@avape.org.br
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REVISTA DE NEUROPSIQUIATRIA


Revista Infanto - Revista de Neuropsiquiatria da Infância e Adolescência

Confira as vinte e duas edições completas da revista Infanto - Revista de Neuropsiquiatria da Infância e Adolescência (vinte edições regulares e duas edições especiais) publicadas no período de Setembro de 1993 (vol.1, n°1) a Dezembro de 1999 (vol.7, n°3).
Cada edição contém todo o material científico do respectivo exemplar impresso, incluindo os artigos, a capa e o editorial da edição.





www.psiquiatriainfantil.com.br/revista/edicoes



MAU COMPORTAMENTO E AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA

MAU COMPORTAMENTO E AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA
 
Susan Meire Mondoni *

 
Muitas crianças agressivas ou com mau comportamento apresentam, na verdade, um sofrimento psíquico. Ao contrário do que se pensava, os transtornos mentais podem iniciar-se já na fase infantil, sendo então bastante devastadores na vida do indivíduo.
A alteração comportamental é uma das maneiras mais comuns de a criança manifestar: tristeza, medo, ansiedade, inveja, baixa auto-estima, ou sofrimentos psíquicos de outra natureza.
É incomum que a criança consiga verbalizar seu sofrimento. Ela ainda não possui linguagem e pensamento amadurecidos para isso. Isto acontece porque a criança encontrase ainda em DESENVOLVIMENTO e, a imaturidade dos seus sistemas nervoso e emocional faz com que ela tenha muito mais manifestações corporais do que verbais.
As crianças podem tornar-se agressivas, terem queda de seu rendimento escolar ou mesmo mudarem sua "personalidade" em decorrência de um estresse emocional ou até mesmo um transtorno psiquiátrico mais sério.
O mau-comportamento deve servir de alerta aos pais, para procurarem ajuda para seus filhos. O diagnóstico e tratamento precoces podem evitar isto!
Costumamos graduar o mau-comportamento de crianças e adolescentes segundo a seguinte escala:
1. desobediência;
2. mentira;
3. roubo;
4. cabular aula;
5. fuga;
6. destruição;
7. incendiarismo;
8. abuso de drogas;
9. crueldade;
10. violência.
Esta escala descreve uma evolução do mau-comportamento em termos de gravidade e de evolução ao longo da vida, ou seja: crianças pequenas que começam a apresentar desobediência, poderão usar drogas e cometer atos violentos na adolescência.
1 - Desobediência - desobedecer significa contrariar a autoridade do outro, quer sejam os pais, professor, etc. Ela pode se manifestar de diversas maneiras:
- passividade: a criança ouve, fica quieta e faz o que quer;
- enfrentamento pela negativa: "não quero"; "não vou";
- negativismo, ou seja, agir pelo não: faz exatamente o contrário do que lhe foi solicitado.
Muitas crianças pequenas desobedientes apresentam, na verdade, o que chamamos Transtorno Opositor Desafiante: é um padrão constante e repetitivo de enfrentamento e desobediência, que acaba por interferir no desenvolvimento da personalidade da criança, tornando-a susceptível a desenvolver comportamentos mais sérios na adolescência/ vida adulta, como uso de drogas ou delinqüência.
2 - Mentira - é uma atitude voluntária de falsificar a verdade. Começa a aparecer em geral, após os 3 anos de idade. Antes disso, o que temos são fantasias e não mentiras propriamente ditas.
Existem 3 principais motivos que levam uma criança a mentir:
- quando teme alguma coisa (apanhar, por exemplo): quando as crianças não têm muita liberdade para expressarem seus sentimentos ou ações (um ambiente muito repressor e/ou violento), acabam aprendendo a mentir como forma de receberem menos punições;
- quando quer alguma coisa: ambientes que nunca gratificam a criança podem fazer com que ela passe a mentir ou até simular doenças, para conseguir o que quer;
- quando quer mostrar que conhece a falsidade: pessoas que cuidam de crianças (pais, cuidadores, professores, etc) e que possuem o hábito de mentir, inventar histórias, prometer coisas que depois não cumprirão, podem fazer com que as crianças passem a apresentar este mesmo tipo de comportamento, como espécie de imitação.
3 - Roubo - a partir dos 2 anos, a criança passa a ter noção do "meu" e do "teu"; dos 3 para 4 anos, ela passa de fato a ter noção de propriedade e, portanto, todo roubo que ela passar a realizar a partir daí, será consciente e acompanhado da noção de culpa.
Devemos avaliar o que a criança rouba: é menos grave roubar um objeto bonito e que lhe chame muito a atenção do que roubar um objeto do cotidiano, que não tenha nenhum atrativo visual. Assim, não devemos medir a gravidade do ato de roubar de uma criança pelo valor do objeto mas sim, pela compreensividade de aquele objeto ter despertado o interesse e a curiosidade daquela criança. Assim, roubar um lápis pode ser mais grave do que roubar um enfeite qualquer de cristal.
4 - Cabular aulas - mais comum em crianças maiores, a partir do 6º. ano (antiga 5ª. série) do ensino fundamental. Esta "transgressão" pode estar associada a uma série de fatores: impaciência em permanecer na sala de aula; não acompanhamento do conteúdo escolar; seguir o grupo; sentimentos de inadequação com relação aos outros colegas de classe, entre outros.
O ato de cabular aula, isoladamente, pode não ser nada de mais. Faz parte do desenvolvimento normal, principalmente na fase da adolescência, apresentar este tipo de comportamento. Cabe aos pais e à escola investigar as possíveis causas do comportamento e impedir novos episódios.
Muitas vezes, entretanto, esta é a exteriorização de algum sofrimento psíquicoemocional pelo qual a criança ou o adolescente estejam passando. A ajuda de profissionais especializados nestes problemas e nesta faixa etária, poderá minimizar possíveis conseqüências desastrosas para o futuro.
5 - Fuga - uma criança de 2 ou 3 anos pode já apresentar "escapadas" de casa: sair para ir à algum lugar. Há uma finalidade consciente, mas não há ainda uma consciência plena de "transgressão".
Na fuga propriamente dita, além de haver maior clareza, por parte da criança, sobre seu "ato transgressor", não há uma finalidade no comportamento em si. Neste sentido, ele é muito mais preocupante e pode indicar presença de doenças psíquicas ou emocionais na criança.
6 - Destruição - geralmente indica uma descarga de agressividade. A maneira como o adulto lida com isso será fundamental para a evolução deste comportamento, que poderá ser benigna, com sua extinção ou maligna, com evolução para comportamentos delinqüênciais.
Algumas doenças neurológicas ou psiquiátricas podem estar envolvidas e, crianças que apresentam episódios de destruição muito intensos ou muito freqüentes deverão ser vistas por um especialista.
7 - Incendiarismo - é a destruição pelo fogo. Pode iniciar-se numa criança, apenas como forma de ela "medir" o seu poder. Mas pode evoluir de uma maneira bastante negativa, como forma de ato vingativo, tornando-se assim um ato delinqüencial. Neste caso, estará sempre ligado a aspectos de afetividade intensa (ódio, inveja, etc) e poucos recursos para conter estes afetos.
8 - Abuso de drogas - as drogas alteram nosso estado de consciência e, em geral, trazem sensações físicas agradáveis, razão pela qual seus usuários buscam repetir seus efeitos, tornando-se assim dependentes.
Em nosso meio, é cada vez mais precoce a experimentação de substâncias ilícitas. No adolescente a experimentação, por si só, não constitui um comportamento patológico; ela está incluída numa atitude global de busca por novas experiências que lhe façam sentido, na construção de uma identidade. Entretanto, alguns fatores de risco estão associados à manutenção deste uso:
- A curiosidade natural do adolescente é um dos fatores de risco mais importantes, posto ser o que o moverá para experimentar a substância, estando assim sob risco de desenvolver dependência;
- O fácil acesso às drogas e as oportunidades de uso;
- Ser do sexo masculino (meninos experimentam mais do que as meninas);
- Influência de modismos;
- Condições familiares, tanto pelo aspecto genético (filhos de pais dependentes apresentam 4 vezes mais chance de o serem também) quanto pelos aspectos ambientais, fortemente relacionados ao início do uso;
- Uso de drogas por pais e/ ou amigos;
- Relacionamento ruim com os pais;
- Fatores internos do adolescente, como insatisfação e não-realização em suas atividades, insegurança, baixa auto-estima e sintomas depressivos;
- Baixo desempenho escolar.
O uso de drogas afeta diretamente o desenvolvimento da criança e do adolescente, principalmente com relação às funções cognitivas (capacidade de raciocinar, aprendizagem, etc), capacidade de julgamento, humor e os relacionamentos interpessoais. Quanto mais precoce o início do uso, maiores serão as deficiências nestas áreas.
9 - Crueldade - aqui, o impulso destrutivo não é movido pela emoção violenta, mas sim pelo prazer que o indivíduo sente em ver o sofrimento alheio, quer seja de outra pessoa ou um animal. Quanto menor a idade da criança, mais grave serão as conseqüências deste tipo de atitude em seu desenvolvimento.
10 - Violência e conduta anti-social - crianças e adolescentes com comportamentos violentos e "anti-sociais" recorrentes apresentam o que chamamos "Transtorno de Conduta". Dentre suas características, destacam-se:
- tendência permanente para apresentar comportamentos que incomodam e perturbam;
- envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais;
- não apresentam sofrimento psíquico ou constrangimento com as próprias atitudes;
- não se importam em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos;
- não possuem capacidade de aprender com as conseqüências negativas dos seu próprios atos.
O transtorno de conduta está geralmente associado ao baixo rendimento escolar e a problemas de relacionamento com colegas.
É importante lembrar que crianças vítimas de violência podem apresentar comportamentos anti-sociais como reação de estresse.
O tratamento para todos estes transtornos acima citados requer, muitas vezes, as abordagens psicoterápica, medicamentosa ou ambas. Sua duração é, em geral, bem menor que o tratamento do adulto e, quanto mais cedo for iniciado, menor a chance de evoluir para um transtorno crônico na vida adulta, com necessidade de tratamento para o resto da vida.
* Psiquiatra da Infância. Mestranda do Instituto de Psicologia da USP

Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)
Fonte;Artigo disponível em:http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com/resources/MAU%20COMPORTAMENTO%20E%20AGRESSIVIDADE%20NA%20INF%C3%82NCIA.pdf

27 de ago. de 2011

Celulite é acúmulo irregular de gordura e pode sumir com exercícios

Celulite é acúmulo irregular de gordura e pode sumir com exercícios.


Quando anunciamos na internet que o tem

O ginecologista José Bento, consultor do programa, explicou que a celulite nada mais é que um acúmulo irregular de gordura. Por isso, sua maior recorrência é nas áreas em que há mais gordura no corpo feminino, que são as coxas e as nádegas.
Para combatê-la, as mulheres têm que ficar de olho em três aspectos: alimentação – o refrigerante, por exemplo, causa celulite –, hormônios – algum desequilíbrio hormonal pode ser o responsável – e, principalmente, atividade física.
Como a celulite é gordura, praticar exercícios regularmente é uma ótima prevenção. Para isso, o professor de educação física Luís Mochizuki aponta que não existe queima de gordura localizada, toda perda de gordura é geral.
Exercícios localizados servem, sim, para fortalecer a musculatura. No caso dos glúteos, um jeito simples de fazer isso é subir escadas. O preparador físico José Rubens D’Elia, que também é consultor, conta que o ciclismo e a natação – desde que a pessoa bata as pernas – são ótimos para esses músculos.
Para quem não tem condições de fazer nenhuma dessas atividades, D’Elia ensinou um agachamento, que pode ser feito duas ou três vezes por semana, se a pessoa estiver sem condicionamento.

Fonte:http://glo.bo/nhUwhg